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Maurício Noriega: ''Aprendi muito em todos os lugares onde trabalhei. Em alguns fui mais feliz e me diverti mais do que em outros, o que é normal''

Maurício Galizia Noriega, conhecido como apenas Maurício Noriega, é um jornalista esportivo brasileiro filho do ex-narrador esportivo Luiz Noriega.



Atualmente é comentarista e apresentador do canal de esportes SporTV, da Rede Globo, ambos os canais pertencentes ao Grupo Globo que falou com o blog, nesta ótima entrevista, desde de já o blog agradece a disponibilidade, então curte aí:

Blog do Leonardo: Uma das coisas que mais foi assunto no cenário do debate público, entre tantas coisas, foi a suspensão de partidas de diversas modalidades. O que você acha disso?
Maurício Noriega: A suspensão foi uma medida absolutamente necessária e tomada na hora certa. Sabe-se hoje que um jogo de futebol com público de 40 mil pessoas foi um dos responsáveis pela disseminação do coronavírus na Itália. Imagine o que poderia acontecer no Maracanã, no Castelão, no Beira-Rio, num ginásio lotado? Além disso, porque expor os atletas ao contágio? Eles não são imunes.

Blog do Leonardo: O que você acha que vai ser dos estaduais que, em sua grande maioria, estavam nas fases finais?
Maurício Noriega: Tudo depende de quando os jogos vão retornar. Certamente vai faltar tempo e alguns estaduais podem ser encerrados sem ter um campeão definido.

Blog do Leonardo: Você acha que a CBF fez o certo de suspender as partidas nacionais?
Maurício Noriega: Sim - O futebol não é um mundo paralelo. Deve ser incluído nas medidas de isolamento social.

Blog do Leonardo: Mudando de futebol para a saúde, por um instante, na sua opinião o Brasil acerta nas medidas contra o Coronavirus e o que você acha da COVID-19 (Coronavirus)?
Maurício Noriega: Não sou da área. Ciência e medicina são coisas muito complexas e não me meto nisso. Apenas sigo as orientações dos especialistas. Sobre a pandemia, eu tenho uma visão muito particular. Acho que somos inquilinos em um planeta maravilhoso, mas estamos maltratando demais a Mãe Natureza e ela tem dado alguns avisos muito duros. Espero que saibamos ouvir e não cheguemos ao ponto de destruir nossa única casa.

Blog do Leonardo: Você vê muita diferença entre o futebol praticado dentro e fora de campo no Brasil para com o resto do mundo?
Maurício Noriega: Há uma diferença muito grande em relação à Champions League e à Premier League, onde atuam os maiores jogadores do mundo, muitos deles brasileiros. Economicamente é impossível para um clube brasileiro competir com os europeus, inclusive até alguns times médios daquele continente e outros da China têm mais poderio econômico.

Blog do Leonardo: O SporTV criou o "Faixa Especial" que está reprisando de uma forma muito legal jogos antigos, principalmente de edições da Copa do Mundo, com narrações atuais. Como que tá sendo está experiência para você?
Maurício Noriega: Muito interessante. Acredito que seja uma forma de desanuviar e manter a relação com nosso público. Também pode ser a primeira vez que algumas pessoas estarão vendo determinados jogos e outros vão rever emoções e momentos marcantes. Acho que a Faixa Especial veio para ficar.

Blog do Leonardo: Você é ex-atleta de voleibol dos clubes Paulistano, Pinheiros e Banespa. Conta está história?
Maurício Noriega: Já faz muito tempo. Joguei competitivamente do mirim até o juvenil, inclusive no Banespa já ganhava dinheiro. Fui um bom jogador até o infanto-juvenil. Depois disso, apenas esforçado, nada mais do que isso. Nunca fui craque e por não ser muito alto eu sabia que tinha uma limitação. Fiz muitos amigos, me diverti e aprendi muito da rotina de atleta, treinamento, repetição, tática no voleibol, um esporte que sigo até hoje, mas não pratico. Hoje jogo futebol de vez em quando e muito beach tênis, uma nova paixão que descobri há um ano e meio.

Blog do Leonardo: Você ganhou o prêmio Ford/Aceesp de melhor comentarista esportivo por seis vezes, em 2005, 2006, 2007, 2010, 2011 e 2015. Como é isso? Existe alguma história deste ou de outros prêmios que te marcou?
Maurício Noriega: Todo reconhecimento é importante, mas numa dessas premiações meu saudoso pai, Luiz Noriega, um dos maiores narradores esportivos do Brasil, também foi homenageado. Foi um dos dias mais felizes e emocionantes da minha vida.

Blog do Leonardo: Como que é ter passagens por veículos importantes do jornalismo brasileiro, como Folha da Tarde, A Gazeta Esportiva, Diário Popular, Lance!, SportsJá!, Rádio Bandeirantes e o SporTV? E você também colaborou com veículos internacionais, como "El Heraldo de México" e TVs da Austrália e Argentina, como é isso?
Maurício Noriega: Aprendi muito em todos os lugares onde trabalhei. Em alguns fui mais feliz e me diverti mais do que em outros, o que é normal. Guardo ensinamentos de todos os lugares em que trabalhei, mas tenho lembranças muito bonitas do Diário Popular, da Gazeta Esportiva e do SportsJÁ! Foram períodos muito bons profissionalmente e muito legais pessoalmente.

Blog do Leonardo: Como o SporTV e o Grupo Globo entrou na sua vida? E conta uma história que te marcou no SporTV?
Maurício Noriega: Comecei a trabalhar para o SporTV graças à indicação de um grande e querido amigo, o jornalista João Henrique Pugliese. Havíamos trabalhado juntos na Gazeta Esportiva e quando ele soube que o SportsJÁ! (um maravilhoso projeto de site esportivo que montei a parte editorial foi interrompido quando estourou a primeira bolha da Internet, em 2001) tinha fechado, me indicou para alguns trabalhos como produtor e repórter free-lancer. Fiz 20 programas para o SporTV no final de 2001 e começo de 2002 e plantei um relacionamento. Alguns meses antes da Copa do Mundo de 2002 me chamaram para atuar novamente na produção da Copa e na edição de textos. Fui contratado como editor de texto após a Copa, mas aí outro querido amigo, Daniel de Paula, que era comentarista, me indicou para um teste como comentarista. Fui aprovado pelo saudoso Paschoal Filho e estreei no segundo semestre de 2002, num União de Araras x Caxias, com narração de meu amigo Eduardo Moreno. Um dos momentos marcantes no SporTV, e foram muitos, foi na Euro de 2012, na Polônia e na Ucrânia. Eu e Milton Leite pegamos um vôo de Varsóvia para Gdansk, para uma transmissão. Gdansk foi o berço do Sindicato Solidariedade, do líder Lech Walesa, responsável direto pelo fim da União Soviética. Quando o avião estava para pousar, a comissária de bordo fez o anúncio tradicional e se posicionou em frente a uma poltrona, olhando para um passageiro e dizendo: "em instantes pousaremos no aeroporto Lech Walesa". À frente dela estava sentado o próprio Lech Walesa, que já tinha sido até presidente da Polônia. Foi surreal pousar num aeroporto com o nome de um grande personagem da história com o próprio à bordo.